Nos próximos dia 1 e 2 de Outubro, o Museu de Lagos assinala o Dia Nacional da Água com a apresentação do projeto “Água Invisível”.
A água – visível ou invisível – marca a paisagem da freguesia de Odiáxere e é o mote para o projeto de investigação e intervenção artística que um coletivo de artistas nacionais e internacionais, dirigidos pela artista Paulina Almeida, se encontra a desenvolver entre 24 de setembro e 2 de outubro. A ecoperformer romena Alina Tofan, a performer portuguesa Paulina Almeida, a bailarina francesa Ophélie Parot; a eco performer Alina Tofan; a artista holandesa de multimédia, Marieke Leene e o músico holandês Simon Stuij encontram-se em residência artística na vila de Odiáxere, trabalhando e envolvendo diferentes públicos, desde logo, e com especial empenho, a comunidade educativa de Odiáxere. A escola e os espaços públicos de Odiáxere transformam-se ao longo destes 9 dias num autêntico laboratório comunitário, em que a água, as alterações climáticas, o reconhecimento do território e a transformação da paisagem estarão no centro das intervenções artísticas.
Coincidindo com o período seco do ano hidrológico e com o Dia Nacional da Água, que se celebra a 1 de Outubro desde 1983, por ser nesta época que as reservas hídricas atingem os seus mínimos de água disponível, o Museu de Lagos pretende encher Odiáxere de vida artística, criadora e crítica através da intervenção deste coletivo.
Programa:
Dia/Day: 1 outubro/October
11:00 | Largo da Alegria, Odiáxere
Inauguração Exposição “Mapa do Corpo de Água” / Exhibition Open “Water Body Map”
Alunos Escola Básica de Odiáxere, Lagos | Coordenação / coordination: Alina Trofan
14:30 | Largo da Liberdade, Odiáxere
Inauguração Exposição de Marieke Leene / Exhibition Open
15:00 | Adro da Igreja da Nossa Senhora da Conceição
Performance “Door of water”, por Alina Trofan
15:30 | Moinho de Odiáxere
Instalação Sonora / Sound Instalation: Water Fail, por Simon Stuij
16:00 | Antiga Feira do Gado
Espetáculo de Dança “Full of Flies” / Dance Performance, por Ophélie Parot
16:30 | Transporte de autocarro (sujeito a marcação prévia através de: museu@cm-lagos.pt) de Odiáxere – Barragem da Bravura – Odiáxere
17:30 | Barragem da Bravura
Espetáculo de Dança Vertical “Navia” / Vertical dance performance “Navia”, por Paulina Almeida e Ron van Roosmalen
19:00 | Regresso de autocarro Barragem da Bravura – Odiáxere
Dia/day: 2 de outubro/October
21:00 | Largo do Moinho de Odiáxere
Criação Coletiva “A Água Invisível” / Colective Creation “Invisible Water”
22:00 | Largo do Moinho de Odiáxere
Concerto de Encerramento / Closure concert
Toni Lameirinhas | José Martin | Gustavo Miranda
Sobre os artistas
Alina Tofan
Atriz/ ecoperformer, Terapeuta de Arte romena. O seu objetivo é expressar o maior número possível de sentimentos através do corpo, criando corporeidades para o público.
Como cocriadora do Plastic Art Performance Collective, tem vindo a introduzir o conceito de ecoperformance na cena artística cultural romena desde 2020, colaborando com os criadores deste método, a TAANTEATRO Company/Maura Baiocchi.
Alina orquestra uma reciclagem simbólica dos vestígios do capitalismo globalizado, tal como são sentidos no contexto cultural e social romeno desde os anos 90 até agora. Este trabalho funciona como um raio-x, revelando a distância imposta pelo filtro plástico do consumo entre as pessoas e o ambiente natural. Alina considera o seu trabalho como um processo intermédio, transcendendo o tempo, convidando o público para um reino surreal onde o passado e o futuro convergem, desvendando as complexidades do presente, entrelaçando os domínios conceptuais da ancestralidade, ecologia profunda, ecosofia e tecnologia. Movida por um fascínio pelo processo criativo, tem estado ativamente envolvida na apresentação das suas realizações artísticas como performer ao vivo em países como a Alemanha, Portugal, Espanha, Bulgária e Noruega.
Marieke Leene
Artista holandesa que trabalha na área de arte digital, mapeamento de vídeo. O trabalho de Marieke trata da tensão entre o desejo de escapar dos problemas do mundo e a realidade de que eles não podem ser ignorados. Muitas vezes ela luta para criar arte a partir de uma perspectiva não humana, mas tem que admitir que não consegue abandonar totalmente o olhar humano. Gosta de mergulhar nas interações entre o nosso “mundo real” e o mundo digital. Com interesses que vão desde talheres feitos por computador até um livro sobre resíduos espaciais, a obra aborda os temas de forma simples, poética e bem-humorada.
As obras são poéticas e bem-humoradas e às vezes podem ser dolorosas, mas sempre com uma perspectiva leve e ingênua. As obras muitas vezes retratam o absurdo das questões do mundo e mostram a bolha branca de privilégios em que ela sente que está frequentemente inserida.
Tendo estreado o seu trabalho “Let’s Keep it Gezellig” na JAB – Jelsa Art Biennial 2023 durante a residência artística Diagonal de Improvise and Organize e Projecto Agit Lab, estará a explorar a dinâmica de Odiáxere num formato profundo e duradouro.
Ophélie Parot
Intérprete francesa à qual não são estranhos os palcos portugueses. Em 2022 esteve presente com “Full of Flies” em Torres Vedras e cumpriu, no AgitLab em Águeda, um período de residência do mesmo projeto. Seguiu com o seu desenvolvimento no GREtua e nas salinas, tudo em Aveiro. “Full of Flies” um espetáculo de dança em desenvolvimento, que parte da contemplação de um espaço aparentemente vazio, escondendo muito que não se consegue ver. É com base no micro-movimento e na impressão que o seu som nos deixa que se dá o processo de exploração de novos gestos, novas possibilidades.
Neste processo, Ophélie, tentará responder a duas questões que se cruzam: se o escape a um espaço é possível, enquanto se permanece nele; e como é que um processo repetitivo pode conter em si a solução para a sua libertação, considerando o tema proposto, da Água Invisível.
Paulina Almeida
Performer portuguesa, trabalha sobre body storytelling. Concentrando-se na arte performática, produz trabalhos específicos para públicos de grande escala e trabalha numa linha curatorial ousada, convidando artistas underground e políticos do domínio da dança circense, música eletrónica performática e artistas de arte digital de todo o mundo para criar e apresentar em diversos eventos. Tem trabalho em diversas escalas, desde performance em locais arquitetónicos, até educação em arte de rua. O seu trabalho incorpora uma mistura de temas ambientais, feministas e pós-coloniais que aproximam as esferas política e pessoal da vida contemporânea.
Desenvolve investigação prática, de implementação de projetos artísticos, desde 2016, na região do Porto, Águeda, Sines, Matosinhos, Aveiro, Lagos, cidade da sua infância e a sua casa de memórias. Em todos eles, parte da intenção de – interiorizar – o papel que a memória desempenha na construção do sentido da identidade e como essa identidade de lembrança é algo moldado pela experiência, história e conhecimento dos nossos corpos.
É formada em Design de Joias, pós-graduada em Teatro Antropológico e Práticas Curatoriais Ambientais, tem um mestrado em Ciências da Educação e frequenta doutoramento em Criação Artística.
Ron van Roosmalen
Atleta holandês, ávido e produz eventos de grande e pequena escala para artes e desporto. O seu trabalho vai além da relação convencional entre aventura, desporto, arte, gestão técnica e de produção. Com um interesse apaixonado pelo antigo e pelo moderno, pelo tradicional e pelo contemporâneo, encontra soluções inovadoras para cada espaço.
Simon Stuij
Cantor/compositor holandês, Simon Stuij gosta de poesia, canções folclóricas, riffs de guitarra grunge, percussão e vocais honestos.
Na sua música, ele tenta combinar estes elementos para capturar um pouco da beleza da luz algarvia e feiúra azul acinzentada da vida.
Músicas sobre amizade, desejo, desapego e a sensação de escorrer pelas frestas do chão água que se esvai.